Vieram do Oriente
Os Santos Reis Magos
Adorar o Deus Menino
Numa manjedoira deitado
Dia de Reis - Foi, em épocas passadas, um dos mais festivos da Cristandade. Com ele se fechava o Ciclo Natalício.
Liturgicamente assim acontece mas, para a generalidade das pessoas. quase passou ao esquecimento. E era o dia em que se celebrava a visita dos Santos Reis Magos ao Menino Deus ainda no Presépio de Belém.
Organizavam-se, em quase todas as localidades, “Ranchos de Reis” que percorriam as casas onde estava exposto em Presépio, mais ou menos original ou em altarzinho, o Menino Jesus. E era aí que se cantavam as loas natalícias.
O cortejo não deixava de ter o seu brilho e interesse natalício.
À frente, uma criança, trajando uma túnica branca, empunhava uma vara onde era aplicada uma estrela - aquela estrela que, segundo a descrição evangélica, guiou os Magos do Oriente até à gruta de Belém, 2013 anos, - mais ou menos – são decorridos. Hoje pouco se fala ou escreve sobre tão notável acontecimento. Recorda-se o Natal, simplesmente, como “Festa da Família”, onde aparece, vestido com trajes esquisitos de vermelho, ornados de branco e com uma carapuça vermelha com bola, a figura burlesca do “Pai Natal”, aquele que dá prendas aos graúdos e miúdos. A pura essência da celebração que é a evocação do Nascimento do Filho de Deus, que ao mundo veio para redimir a Humanidade, vítima da culpa dos nossos primeiros Pais, só a Igreja a comemora e, com ela, os cristãos fiéis à sã doutrina evangélica.
Na evocação de uma bastante antiga tradição, a Igreja celebra a visita dos Magos anunciada por Isaías:”Todos virão de Sabá carregados de ouro e de incenso e a cantar as glórias do Senhor”.
Na sua notável “Vida de Jesus” escreve Plínio Salgado: Os três magos do Oriente,(...) não eram, pois, três supersticiosos, capazes de acreditar em absurdos, principalmente em se tratando de astronomia. (...) A estrela dos Magos não era, talvez, uma estrela espectacular, um cometa, por exemplo, possivelmente, de um astro, cujo roteiro, longamente estudado e conhecido dos astrólogos da Caldeia, deveria ocupar determinada posição no mapa celeste(...) Além dos conhecimentos do mundo sideral, os sábios de Assur e de Sinear versavam antigos textos orientais, não lhes sendo estranhos os referentes ao aparecimento de um grande Rei, até mesmo com previsões pormenorizadas e designando datas, como no caso das setenta e nove semanas de anos de Daniel.(1)
Eram esses Magos que o povo cristão evocava e alguns ainda recordam, no final das festas natalícias. E os ranchos organizados, cantando suas canções tradicionais, percorriam, como disse, as casas onde se expunha a pequena imagem do Menino, ou havia presépio armado, numa evocação da Gruta de Belém onde o Menino nasceu.
Novos e velhos deliravam com a visita. E, quando o rancho se aproximava, cantando “viemos do Oriente, / adorar o Deus Menino,/ que nasceu em Belém ... ”, toda a família, e até vizinhos, se aproximavam do Presépio a aguardar a chegada.
No rancho não faltava o rei preto, que era, esse sim, o terror da miudagem. E havia crianças vestidas de anjo, pastores, jovens e donzelas a formar o cortejo. Hirtos e sérios saudavam os donos da casa e cantavam.
E cantavam ao Menino. Depois eram servidos os figos passados (doce da época) com a aguardente ou a angelica, também caseiras. E, a seguir, lá ia o rancho a visitar outro Presépio, pois as árvores do Natal chegaram mais tarde, vindas do outro lado do Oceano...
Em anos passados, o dia 6 de Janeiro era o “Dia de Reis”, no qual se celebravam os santos Reis Magos do Oriente. Hoje a Liturgia católica destina esse dia à Epifania do Senhor, ou seja à Manifestação ou Aparição do Senhor como Rei do universo. E, com essa celebração, fecha-se o ciclo natalício. Que o ano novo traga a todos paz, alegrias, prosperidades e felicidades espirituais e materiais.
1. Salgado, Plínio, “Vida de Jesus, 7ª edição, Ática Lda. 1951, pág. 60.
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